terça-feira, 3 de novembro de 2009

TRANSTORNOS ALIMENTARES

ANOREXIA E BULEMIA NERVOSA
 CARACTERISTICAS GERAIS
   Os transtornos alimentares não podem ser vistos de forma isolada por um único profisional, pois trata-se de um conjunto de distúrbios quem envolvem tanto o aspecto psicológico como o alimentar. O ideal é ser tratado por equipe multidisciplinar. Pais devem estar atentos para as "navegações" e "comunidades" freqüentadas pelos filhos, hoje se tem comunidades específicas onde jovens e adultos trocam dicas de como disfarçarem os sintomas.      
                                                           

                   

      Anorexia nervosa:

  • Recusa em manter o mínimo de peso corporal normal;
  • Intenso medo de ganhar peso;
  • Imagem corporal distorcida;
  • Amenorréia ( ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais);  
  • Restrição voluntária do consumo de alimentos com perda de pelo menos 25% do peso corporal;  
  • Ocorre com maior incidência nas faixas etárias entre 10 a 19 anos;  
  • Se ocorrer antes da puberdade pode haver retardo da menarca;  
  • Pode ocorrer manifestação de sintomas de depressão;  
  • Causa multifatorial: biológica, genética, familiar, inter-pessoal e sócio-cultural;
  • Características pessoais: introvertidos, obsessivos, perfeccionistas, se sentem ineficientes e com baixa auto-estima;  
  • Características familiares: disfunção familiar nos relacionamentos, excesso de proteção, rigidez e resoluções conflitantes;
  • Características físicas: corpo caquético e pré-púbere, lanugem, cabelo sem brilho e quebradiço, cianose nas extremidades, pele seca (pode estar amarelada devido a hipercarotemia), bradicardia (↓60 bpm), hipotensão (↓70mmHg-sistólico), resposta cardiovascular alterada para o exercício, hipotermia, ↓massa cardíaca (pode haver morte por insuficiência cardíaca), alterações gastrintestinais (retardo do esvaziamento gástrico, ↓ motilidade intestinal, constipação, sensação prolongada de plenitude, empachamento), 50% dos anoréxicos apresentam hipoplasia da medula óssea resultando em leucopenia, anemia e as vezes trombocitopenia, osteopenia com compressão das vértebras e fraturas, redução do estrigênio, aumento dos níveis de glicocorticóides, desnutrição, redução da massa corporal, crianças e adolescentes desenvolvem complicações clínicas que afetam o crescimento e o desenvolvimento;
  • Existe maior risco para parentes de 1ºgrau de indivíduos com este distúrbio e maior probabilidade em gêmeos;
  • O tratamento é realizado por equipe multiprofissional, e pode ser feito a nível hospitalar ou unidades psiquiátricas, programas de hospital dia ou ambulatórios, devendo ser a reabilitação nutricional o primeiro objetivo;
  • Apesar da caquexia, os mecanismos compensatórios são extraordinários e anormalidades laboratoriais podem não se apresentar até que a doença atinja níveis elevados;
  • Esses pacientes geralmente apresentam albumina normal;
  • Mesmo consumindo poucas quantidades de gordura e colesterol, estes pacientes apresentam colesterol sanguíneo elevado e perfil anormal de lipoproteínas (isto não justifica a manutenção de uma dieta pobre em gordura para estes pacientes);
  • A glicemia tende a ser baixa devido ao déficit de precursores para gliconeogênese e produção de glicose;
  • A produção de hormônio da tireóide tende a ser normal, mas a desiodação periférica da tireoxina favorece a formação da triiodotironina reduzida (rT3), de mais baixa atividade metabólica que a T3 (síndrome da baixa T3 comum na anorexia nervosa); 
  • Apesar da deficiência dietética, é rara a carência vitamínica nestes pacientes;
  • Deficiência de ferro é incomum nestes pacientes;
  • A deficiência de Zn tem sido documentada na anorexia e na bulemia, talvez pela restrição do consumo de carne e adoção de dietas vegetarianas;
  • Muitos pacientes com anorexia e bulemia tem redução da taxa metabólica;

     Anorexia masculina














    CUIDADO NUTRICIONAL:


  • Fator injúria: 1,3;
  • Iniciar com 1200 a 1400cal/d e evoluir de 100 a 200cal até atingir a prescrição (média de 3000cal/d);
  • Proteínas: 15 a 20% do VCT;
  • Carboidratos: 50 a 55% do VCT (atenção para o consumo de fibras insolúveis para corrigir constipação);
  • Lipídios: 25 a 30% (atenção para os ácidos graxos essenciais);
  • Micronutrientes: 100% a RDA;
  • Atenção para o consumo de alimentos ricos em cálcio (osteopenia/osteoporose);
  • Líquidos: 0,8 a 1,2ml/cal;
  • A taxa de ganho de peso médio é de 4,5 a 6,5kg/semana para pacientes internados e de 2,2kg para pacientes ambulatoriais;
  • Fatores que afetam o ganho de peso na anorexia nervosa: equilíbrio hídrico (poliúria observada no jejum), edema, taxa metabólica, gasto de energia com o tecido ganho, obesidade prévia, exercício físico;  
  • Adotar TN para pacientes com peso ↓40% do normal;

 Bulemia nervosa:
  • Caracteriza-se por freqüentes episódios de consumo compulsivo obsessivo de alimentos, seguido de 1(um) ou mais métodos compensatórios (indução do vômito, uso de laxativos, uso de diuréticos, jejum prolongado ou exercício exagerado); 
  •  A compulsão ocorre usualmente em um período inferior a 2 horas, seguido de sensação de perda de controle;
  • O comportamento compensatório mais comum é a auto-indução do vômito (80 a 90% dos casos); 
  •  O xarope de ípeca é comumente usado para provocar o vômito, porém é perigoso porque pode provocar doença cardiovascular, miocardiopatia e morte súbita;
  • Cerca de 1/3 dos pacientes refere abuso de laxativos e enemas;
  • Sintomas depressivos e alterações de humor são observados em pacientes bulímicos, podendo ocorrer antes do aparecimento do quadro bulímico; 
  •  Um critério diagnóstico é o consumo compulsivo obsessivo de alimentos a atitudes compensatórias pelo menos 2X/semana durante os últimos 3 meses;  
  •  Os sinais clínicos apresentam maior dificuldade de serem observados visto que o pacientes usualmente tem peso normal ou um pouco acima e são discretos;
  • Os episódios de vômitos podem deixar evidências como: marcas no dorso da mão (sinal de Russel), glândula parótida aumentada, erosão dental (↑ das cáries);
  • O hábito crônico de provocar vômitos acarreta: desidratação, alcalose, hipocalemia. As manifestações clínicas incluem: feridas na garganta, esofagite, discreta hematêmese, dores abdominais, hemorragia subconjuntival. Dentre as conseqüências sérias estão: fissura esofágica (síndrome de Mallory Weis);
  • O abuso de laxativos pode levar à desidratação, elevação dos níveis de aldosterona e vasopressina, sangramento retal, atonia intestinal e câimbras abdominais;
  • O abuso de diuréticos pode levar à desidratação e hipocalemia;
  • Laxativos + vômitos + diuréticos = arritmia cardíaca (secundária ao equilíbrio negativo ácido básico e de eletrólitos);
  • Os valores calóricos ingeridos por bulímicos são muito variáveis, podendo chegar ir de 1200cal a 11500cal nas crises;
  • Bulímicos acreditam que podem identificar alimentos que possam desencadear crises;
  • Também podem apresentar taxa metabólica abaixo do normal;
  • Pacientes bulímicos são hospitalizados com menor freqüência e quando são, é por menor período de tempo;
CUIDADO NUTRICIONAL:
  • Se houver suspeita de hipometabolismo a prescrição calórica inicial deve ficar entre 1200 a 1500cal/d;
  • A prescrição calórica deve ser apropriada para manutenção do peso normal, geralmente iniciando com 1200 a 1500cal/d;
  • O fator injúria é de 1,2 a 1,3;
  • Proteína: 15 a 10% do VCT;
  • Carboidrato: 50 a 55% do VCT;
  • Lipídios: 25 a 30% do VCT;
  • Micronutrientes: 100% da RDA;
Creative Commons License
Transtornos alimentares de Valéria Araújo Cavalcante é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil.
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2 comentários:

  1. atualmente bastante comun em fisioculturista, atletas de hipismo, modelos é lógico apesar de abora se estar exigindo o imc mais alto.

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  2. recomendo as pessoas lerem este artigo no link indicado, fica nem melhor de entend~e-lo.

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